YES WE COOK – CECÍLIA PADILHA EM PARIS

Paris é brilho. Mas não falo sobre ser a cidade luz. O fato é que estar na capital parisiense é sempre figurar frente às mais variadas tendências, sejam elas no mundo da moda, artes, cultura e claro: da sua poética gastronomia.

Se vamos ao premiado bar Copperbay do clássico hotel Lancaster, por exemplo, localizado na região da Champs Elysee, podemos provar drinks inovadores criados pela talentosa bartender Aurélie Panhelleux. Além de adicionar ingredientes inusitados como cogumelos e rabanetes em seus drinks, ela também utiliza técnicas clássicas da gastronomia, como o sous vide, em suas criações. Mas não é só isso, ela também reinventa clássicos como bloody mary e pina colada, clarificando-os em processos que podem levar dias no preparo. E ao degustá-los, totalmente transparentes, a surpresa: uma explosão de aromas que claramente nos remetem aos drinks originais, porém com a elegância e sutileza que um dos melhores bares do mundo pode oferecer. Para coroar a experiência, só mesmo estar hospedadas em um dos quartos do hotel, em um prédio construído em 1890, que já foi cenário de filmes clássicos e abrigou nomes como Sophia Lauren e Marlène Dietrish, que inclusive acabou sendo homenageada com seu nome em uma das mais luxuosas habitações do local. Nos quartos, objetos históricos que datam de sua criação em 1930.

Também inovando, o restaurante La Plume, no Madame Reve, que se intitula um “hotel palácio contemporâneo”, mescla as culinárias japonesa e francesa com pratos que surpreendem utilizando técnicas e ingredientes dos dois países. Obra do chef Benjamin Six, que teve a idéia depois do longo período em que viveu pela Ásia. A dificuldade de encontrar alguns dos ingredientes que necessitava fez com que acabasse mesclando as duas culinárias. E assim, elaborou pratos como o abacate crocante, linguado tempurá, guisado de lagosta e frango karaage. O curioso é que para chegar ao restaurante passamos por um longo corredor com quartos. O hotel poderia vir a ser comparado ao hotel Fasano, porém na versão parisiense, com localização próxima ao Museu do Louvre e com vista para a igreja Sacre Coeur no café da manhã.

Mas claro que os clássicos da cidade também não podem ser esquecidos. Alguns deles, porém, não costumam aparecer no tradicional roteiro turistico já que são centenas de anos de história, e muito para se conhecer por lá. Assim é o caso do seu restaurante mais antigo: o “Le Procope”, fundado em 1686. No cardápio, clássicos da gastronomia francesa como scargots, sopa de cebola e coq au VIn. Nas paredes, relíquias dos anos de história em que receberam Victor Hugo, Montesquieu, Russeau e até mesmo Napoleão, que deixou seu chapéu por lá e até hoje é exposto em uma vitrine, como uma peça de museu. Dizem no local que ele tinha o costume de deixar o item como pagamento das contas, mas que só não agia assim com seu próprio chapeleiro.

Clássico também é o hotel Fouquet na Champs Elysee que abriga há décadas o César, considerado o Oscar do cinema francês. Além de todos os itens do frigobar, que inclui chips, chocolates, castanhas e diversas bebidas não alcoólicas, serem inclusos no valor da diária, também possuem quartos extremamente confortáveis que chegam a nos deixar em dúvida sobre passear pela cidade ou deleitar-nos na confortável cama para depois relaxar na banheira da imponente “casa de banho”. Mesmo aos que não estão hospedados, vale conhecer o histórico restaurante, frequentado por grandes nomes do cinema mundial, seja na aconchegante varanda ou em seu salão. Por lá, nas paredes figuram o nome das personalidades que costumavam sentar em cada mesa. Os pratos vão desde hamburgers até crepes Suzete finalizados na frente do cliente, com direito a show pirotécnico de licor de laranja sendo flambado na hora. Coisas de Paris.

E que tal visitar o cartão postal da cidade de uma forma diferente? Se é a sua primeira vez pela cidade, ou se já visitou e busca uma experiência diferente, vale investir um pouco mais e reservar uma refeição do alto da torre Eiffel, no primeiro andar do ponto turístico, no restaurante La Brasserrie, o menu inclui, além de várias etapas da clássica gastronomia francesa, vinhos harmonizando e a estonteante vista. A localização de sua mesa será proporcional ao valor pago pela reserva e quanto mais bem localizada, mais especial é o cardápio. Por outro lado, de todas elas conseguimos uma real noção de onde estamos e certamente, a lembrança de que a cidade luz não é tão iluminada por acaso. Até breve, Paris!

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