Porque a visita ao oftalmologista deve ocorrer o mais cedo possível

por Gustavo Carbonari

Recentemente, tivemos a triste noticia de que a filha do apresentador Tiago Leifert apresentou uma doença rara dos olhos: o Retinoblastoma. Esse tumor raro atinge 20 casos por milhão e representa 2% a 4% dos cânceres infantis, e pode se apresentar de duas formas: o esporádico, que surge da mesma forma que outros tipos de câncer (mutação em alguma célula), e geralmente aparece em apenas um olho do portador; e o hereditário, que surge devido a uma mutação genética transmitida hereditariamente e pode aparecer em ambos os olhos. O pai pôde perceber que havia algo errado com sua filha quando enxergou um reflexo branco nos olhos dela, ao tirar uma foto. Essa mancha branca se chama leucocoria, que é resultado do crescimento do tumor, que descola a retina e cria esse reflexo.

Assim, hoje venho ressaltar a importância de levar o seu filho entre 3 meses e 12 meses ao oftalmologista, e se ele foi prematuro, a partir de um mês de vida, mesmo que não haja queixas ou qualquer sinal que indique preocupação. Nessa idade, em um exame oftalmológico com dilatação das pupilas, é possível quantificar o quanto a criança enxerga e verificar se existe algum erro refrativo ou alguma má-formação ou alteração no fundo do olho. Muitas doenças que podem causar danos severos à visão podem ser evitadas com um diagnóstico precoce nas consultas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a maior parte dos casos de cegueira ou déficit visual em crianças estão relacionados a doenças preveníveis e tratáveis, ou seja, poderiam ter sido evitadas e tratadas com pré-natal bem feito e diagnóstico rápido – como a toxoplasmose.

Ainda na maternidade, a criança passa obrigatoriamente pelo teste do olhinho, que verifica a transparência do meio ocular e já é capaz, por exemplo, de identificar casos de catarata congênita, mas o acompanhamento deve continuar, pois ao longo das diversas fases da infância, uma série de problemas de saúde ocular podem se manifestar:

Nas crianças mais novas, de até 1 ano de idade, são muito comuns as alterações de canal lacrimal, que não acarretam baixa visão, mas necessitam de tratamento porque trazem muito incômodo. Já na primeira infância, a atenção se volta aos casos de estrabismo.
Até os 6 meses de vida, episódios de estrabismo não indicam qualquer anormalidade. A partir daí, esses episódios podem ser motivos de preocupação e a consulta oftalmológica é indicada. Já se a criança nasce com estrabismo fixo, deve-se começar o tratamento o quanto antes. Vale lembrar que até os 3 meses de vida, o estrabismo intermitente é comum e não nos preocupa, ok?
Em relação aos casos de vícios de refração, isto é, as condições que exigem o uso de óculos, a hipermetropia é mais comum até por volta dos 7 até aos 12 anos, quando a miopia passa a predominar, ressaltando que o uso intensivo de smartphones e tablets trouxe uma mudança para esta geração em relação às anteriores – uma questão a que os pais devem estar atentos.

Por isso, não se esqueça! A visita ao oftalmologista é tão essencial quanto a visita ao pediatra, e se tudo tiver bem, as visitas devem ser anuais!

Papais, mesmo com as visitas, é importante que sempre estejam atentos a estes sinais:

-Se criança força os olhos para enxergar algo que está longe, como a lousa da sala de aula
-Se se aproxima demais de Tvs, tablets e livros para conseguir enxergar,
-Se tem dificuldades de definir pessoas ou objetos á distância
-Se existe mancha ou brilho nos olhos em fotos com flash ou em presença de luz
-Dores de cabeça frequentes
-Fotossensibilidade
-Piscadas excessivas
-Dificuldade de aprendizado ou concentração

Tá bom?
Um abraço

Dr Gustavo Carbonari
Médico Pediatra
CRM 142. 552
@gustavo carbonari

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