Foto: Divulgação/Reprodução Dior
Em meio às incertezas da pandemia, a grife Dior jogou suas cartas de tarô e apresentou uma coleção com cenários do mundo onírico na última segunda-feira, 25, no primeiro dia dos desfiles virtuais da semana de mora em Paris.
Segundo a diretora artística da linha feminina da marca, Maria Grazia Chiuri, “esta coleção é inspirada no tarô, no mundo apreciado por Christian Dior: ele consultava as cartas para se consolar”, explica. Ela lembra que o estilista lançou sua marca após a Segunda Guerra Mundial, quando reinava um sentimento de insegurança, como acontece atualmente devido à pandemia.
Foto: Divulgação/Reprodução Dior
A pergunta “quem sou eu?” feita por uma jovem à vidente antes de embarcar num universo onírico cheio de simbolismo com um vestido de renda e mangas volumosas, abre o vídeo dirigido pelo realizador italiano Matteo Garrone e veiculado na plataforma da Semana de Moda.
“Matteo tem uma linguagem poética, extremamente pitoresca, que se encaixa muito bem na minha visão de alta costura”, explica a estilista sobre seu compatriota.
Chiuri se inspirou nos tarôs Visconti do século XV, imagens que guiam as silhuetas que desfilam com vestidos de pregas e cores que parecem ter atravessado o tempo. O dourado, trabalhado em bordados, parece desbotar e ficar fosco.
A fabulosa Bar Jacket é reinterpretada em veludo preto, com pregas laterais, em harmonia com as calças e os mocassins. A grife italiana se mantem fiel à sua estética feminista com sapatos baixos, algo diferente para a alta costura.
Foto: Divulgação/Reprodução Dior
Além disso, o pintor italiano Pietro Ruffo, que já havia feito uma parceria com a Dior, desenvolveu o grafismo dos tarôs em uma reinterpretação contemporânea: são quase abstratos os desenhos impressos nas peças da coleção.
Privado de desfiles físicos devido à pandemia, o mercado da moda está explorando novos caminhos e apresentação. Ao abrir no último 25, a Paris Fashion Week, a ministra da Cultura da França, Roseline Bachelot, saudou a resiliência das marcas que mostraram uma criatividade formidável para continuar lançando suas coleções, apesar da covid-19.
“Não se pode negar que os desfiles são um elemento fundamental, não só para a Dior, mas para todo o setor da moda. Os convidados que participam deles fazem parte do espetáculo”, afirmou Chiuri, que não sabe se em março poderá apresentar a nova coleção prêt-à-porter em Paris, com público.
“Este início de ano foi muito difícil, houve altos e baixos. É cansativo ter que reunir sempre forças para seguir em frente. (Mas) a criatividade é um refúgio nesta difícil realidade”, concluiu.
Assista ao vídeo: